terça-feira, 9 de abril de 2013

Voltando atrás

Alguém me perguntou se eu estava a chorar. Não estava a chorar, não o choro desmedido e motivado por algo maior que nos enche a alma de razões profundas e nos seca a garganta, com um nó. Naquele instante, enquanto pensava e repensava todos os erros cometidos até então, uma única lágrima rolou na minha face, como se isso aliviasse a tristeza que se debatia sobre mim.

Ao contrário daquilo que as frases feitas defendem, eu não me arrependo daquilo que não fiz, mas sim, daquilo que poderia ter feito de maneira diferente e não fiz. Arrependo-me da melhor pessoa que poderia ter sido para aqueles que me rodeavam e não fui, arrependo-me das juras de amor que fiz e não cumpri, e arrependo-me de ter magoado tanto gente e de ter prejudicado outros tantos. Confesso, nem sempre fui uma pessoa fácil, nem sempre estive à altura dos desafios muito menos das expectativas que outrora depositaram em mim, mas como outro alguém referiu, a consciência surge, em muitos casos tardiamente e nada poderei fazer para consertar os erros que fui acumulando ao longo dos anos, a não ser, a certeza de não os voltar a cometer.

Há uns tempos atrás, entre raios e relâmpagos, faíscas e tempestades, alguém disse: "Cresce Vanessa, está na altura de te tornares numa mulherzinha!", e hoje, passados alguns meses desde então, essa frase que entoada com um certo desprezo misturado com desespero, ecoa no meu interior, como se eu estivesse ali ainda e bem baixinho, lentamente, numa voz mais amena, oiço dizer e escuto com atenção: "Cresce Vanessa, está na altura de te tornares numa mulherzinha...".

domingo, 17 de março de 2013

Imprevisto

Às vezes temos a impressão que o mundo conspira contra nós.

Quantas vezes não me aconteceu andar dias inteiros com o guarda-chuva no carro, e no preciso dia em que me disponho a guardá-lo, é que chove água a cântaros.

E daquelas vezes em que ninguém se lembra de ti, e quando a mensalidade do tarifário caí, todo o mundo te resolve mandar mensagens?

Deixando um pouco a alegria que é viver estes imprevistos, por vezes, temo mesmo que algo maior nos manipule e nos movimente, conforme o seu belo prazer, como se fossemos marionetas. Quantos de nós não nos desiludimos já? E mesmo assim, não deixamos de acreditar. Há duas coisas em que, na minha opinião, nunca devemos deixar de acreditar: a amizade, como base de qualquer relação, e o amor, capaz de nos transformar em pessoas melhores. Mas devo dizer que nem sempre é fácil, pois muitas vezes, depositamos demasiada esperança em quem não a merece.

Nos últimos tempos tenho aprendido verdadeiras lições de vida. É nos momentos de aflição e de angústia que se conhecem os verdadeiros amigos, e por vezes, surpreendemo-nos com os resultados. E eu, como raramente fujo à regra, também tenho sido surpreendida, nem sempre pelos melhores motivos.

Não me considero ser uma pessoa muito exigente, não espero muito das pessoas, mas das pessoas de quem eu gosto e que eu considero serem importantes para mim, espero. Espero que compreendam as minhas decisões, mesmo que por vezes não sejam as esperadas. Espero que se ponham no meu lugar antes de me julgarem, porque falar é fácil demais. Espero que apoiem as minhas escolhas, sem interesses e sem motivos. E o mais importante, espero que estejam do meu lado se eu precisar, e que saibam interpretar o meu olhar quando alguma coisa não estiver bem, mesmo que o sorriso não o faça transparecer.

E muitas vezes, fico triste por confirmar que a teoria do "não há amigos nesta vida" não é assim tão desmedida. O que me custa verdadeiramente, é o facto de existir uma ou duas pessoas que até notam que estamos diferentes, e que há alguma coisa que não está bem, mas que não têm a capacidade de ir mais além do nosso "não se passa nada". E quando confrontados, nem conhecem as verdadeiras razões da nossa tristeza, atribuindo-a a terceiros, sem terem a humildade de pensar que a sua despreocupação e o seu abandono serão os principais motivos.

E de repente, como algo que não foi previsto, de algo que até parecia ser divertido, surge um pequeno desabafo. Mas....

Não se passa nada.

terça-feira, 5 de março de 2013

À nossa maneira.

Voltei, para onde onde outrora jurei não mais voltar, onde deixei o meu barco naufragado pela tempestade, onde perdi todas as minhas ferramentas de navegador, incluindo a bússola e o astrolábio, de onde saí a braços, nadando e lutando com cada onda para chegar a terra. Depois de tudo isso, decidi voltar. Não espero que seja entendida, mas vejam, de que modo um navegador habituado a estar no mar, e a manobrar as marés, se habitua a estar em terra?

A vida não é para ser entendida com frases feitas, com lindos pensamentos ou com sábios conselhos, mas sim, vivida com risos espontâneos, abraços profundos e melodias diferentes a cada dia. 

Aprendi com o tempo que podemos arrepender-nos de inúmeras tolices e asneiras que fazemos, que isso não vai mudar nada, então, comecei a agir e a tentar corrigir os erros onde tropecei no passado. 

E por tudo isso, sei que esta é uma relação que não agrada a muita gente. Há pessoas que não entendem os motivos. Outras não aprovam uma relação nestes modos. Alguns invejam-nos por pertencermos tão profundamente um ao outro e por não nos conseguirem separar. Há quem não goste apenas de nos ver juntos porque acha que não nos merecemos um ao outro. Existe, quem por ser muito mesquinho, não goste apenas por não gostar, porque não nos enquadramos no conceito de relação perfeita ou casal maravilha, imposto pela sociedade. E ainda, daquelas dez ou doze pessoas que perguntam por "Beltrano", atrevo-me a dizer que apenas uma ou duas pessoas se preocupam de facto, porque o resto, é apenas movido pela curiosidade.

Pois bem, sabem o que vos digo, em jeito de desabafo? Há muita gente que se preocupa demasiado em cuidar da vida dos outros, ao invés de cuidar das suas próprias vidas.

Eu sou feliz à nossa maneira. Mas, e se não for, o que é que isso vai pesar na sua vida?


"O amor termina algumas vezes. Noutras ocasiões, adormece, hiberna e finalmente regressa."

Penélope Parker


Planos


"Que os nossos planos não fiquem só na vontade. Que as nossas dúvidas sejam as de não saber qual filme assistir no sábado à noite. Que se tivermos vontade de desistir, que seja desistir de correr pela casa e ir brincar no jardim. Que as lembranças ruins do passado se transformem na nossa risada. Que a distância entre nós seja entre o quarto e a sala. Que os beijos inesperados sejam entre as brigas, e que nossas brigas sejam de travesseiro, chocolate e sabão. Que o nosso “para sempre” a gente construa dia após dia, por toda nossa vida."

— Karina Landívar

sexta-feira, 1 de março de 2013

O que uma mulher quer de um homem.

Todos os homens acham que a mulher é algo indecifrável, um 'bicho' que ora se comporta de uma maneira, ora se comporta de outra, que diz aquilo que não pensa, e pensa aquilo que não diz, e adora gastar dinheiro em roupa, sapatos e malas.

Pois bem meus queridos leitores, NÃO É VERDADE!

1 - Ao contrário daquilo que alguns amigos vossos possam ter comentado naquelas conversas de tasca e 'comezanas', onde aliás passam horas, as mulheres adoram receber flores. Sim, mesmo aquelas que à primeira vista não aparentem ser românticas, ficam emocionadas com esse gesto. E acreditem, não é por aí que um homem perde a sua masculinidade. Este gesto faz-nos sentir especiais e mostra que vocês se preocupam connosco.

2 - As mulheres gostam de homens decididos. Depois de andarem no 'chove não molha' durante algum tempo e quase terem perdido a graça toda, quando decidem pedir-nos o número de telefone, passam um ou dois dias sem dizerem nada. O que pretendem? É suposto sermos nós a perguntar se estávamos giras? Basta ligar uma vez, ou mandar uma mensagem a desejar boa noite. E porque não marcar outro encontro? Se ela te sorri, te brindou com uma bandeja de olhares e esteve mais que cinco minutos a falar contigo, é porque está interessada. E entendam por favor: um NÃO é um NÃO!

3 - Homem que é homem leva-nos a casa, paga a conta no primeiro encontro e não nos deixa abandonadas na rua para ir cumprimentar velhos amigos que não vê há imenso tempo. Não se trata de uma questão de boa educação, etiqueta ou até princípios de machismo. Estes pequenos pormenores provam-nos que vocês não são forretas, narcisistas e desleixados.

4 - Não precisamos de um manual para sermos entendidas. Não somos misteriosas nem complicadas. As mulheres dizem exactamente aquilo que querem dizer, só não temos culpa que os homens muitas das vezes não consigam entender o nosso mau humor, as nossas entrelinhas, e não temos culpa que não gostem de ouvir o que temos para dizer.

5 - A mulher gosta de um homem bonito, charmoso e elegante. Quando um homem se arranja, desperta a atenção das mulheres e também a dos homens. As mulheres ficam radiantes e os homens logo o apelidam de 'larilas', mas e daí? A quem é que querem agradar? As mulheres não gostam de homens a 'cheirar a cavalo' e que não trocam de calças há três dias. Se têm pente e banheira em casa, dêem-lhes uso. Ah! E quanto ao cabelo comprido, deixem-no para nós.

6 - Segredo-chave: as mulheres gostam de um homem que as valorize, que as oiça e que saiba conversar com elas, isto é, todos os assuntos que vão para além do futebol, das aventuras que já tiveram ou dos carros com que sonham.

7 - A mulher não gosta de homens que se armam em bons. As mulheres gostam de homens que se preocupam com os velhinhos, com os animais e com as crianças.

8 - A cabeça é o órgão sexual mais apelativo para as mulheres. Quase nunca nos apaixonamos por homens extremamente bonitos e cheios de 'pinta', apaixonamo-nos por sujeitos inteligentes e misteriosos. Não podem é ser gordos e sebentos.

9 - Interiorizem, e assim será mais fácil: não somos naturalmente magras e 90% das mulheres tem celulite. Se este assunto vos faz impressão, apaixonem-se por vassouras.

10 - Não usem a desculpa do Síndrome Pré-Menstrual para tudo. Na maioria das vezes, quando acham que estamos com a tensão da menstruação, estão enganados. Estamos mesmo chateadas!

11 - Ao contrário daquilo que um homem possa pensar, a mulher é muito fácil de contentar. A sério! Basta que nos amem honestamente e que não olhem para o lado quando conversam conosco.

12 - Quando perguntamos a um homem se ele teve um bom dia, não queremos realmente saber por que é que o Fernando não gosta do Joaquim. As mulheres não têm paciência para jogos de poder. O que nós queremos saber é se pensaram em nós durante o dia, e, quando muito, se o Fernando anda a 'comer' a Lúcia.

13 - A mulher adora beijos no pescoço (beijos, não chupões) mas a maioria dos homens prefere dar 'calduços' na cabeça ou 'belinhas' e chamar-nos 'miúda'. Uma mulher ODEIA que lhe chamem 'miúda'. As mulheres gostam de ser tocadas com suavidade e serem tratadas com ternura.

14 - Qual a necessidade de apitar a buzina ao vizinho que mora mesmo ao lado? As mulheres não gostam de homens que de repente aceleram até aos 210 para mostrarem como são viris e dominam a máquina. Automaticamente cai a mensagem de que vocês são uns primários, e vocês ficam a achar que nos impressionaram.

15 - Uma mulher não tem sempre os mesmos gostos, e não precisam de stressar porque ontem gostávamos de febrinhas à mexicana e hoje já não.

16 -  Na maioria dos casos, as mulheres não acreditam nas 'petas' que os homens nos 'cravam', mas vamos vingar-nos assim que pudermos e vocês não vão saber de nada.

E por último, mas não menos importante:

17 - As mulheres gostam de homens que lutem por nós. As mulheres odeiam 'bananas' e têm um enorme respeito pelos que arriscam uma tampa.




(Inspirado em Catarina Fonseca, Revista Activa)

(In)Felicidade

"Quem é feliz não conta, não espalha, não grita aos quatro cantos do mundo.
Quem é feliz, satisfaz-se por sê-lo.
E sabe que felicidade anda coladinha na inveja.
QUEM É FELIZ NÃO PRECISA DE PROVAR NADA, SIMPLESMENTE É.
As pessoas felizes demais nunca me passaram confiança.
Essa coisa de que a vida é uma festa e não existe nada errado, não me brilha aos olhos.
Feliz é quem conhece o lado mau e o respeita.
Feliz é quem já foi infeliz.
Somente quem já foi infeliz pode entender que a tristeza traz um mão cheia de aprendizagens.
Felicidade não é sobre quem grita mais alto;
É sobre quem sorri mais fundo."

Esta poderia ser mais uma aula daquelas que de vez em quando vos apresento, mas não, este excerto, do qual não sei a quem pertence a sua autoria, é mais uma lição para todos guardarmos na memória para que da próxima vez que alguém apregoe uma inúmera felicidade, soubermos identificar se será mesmo verdadeira.

Fica a dica que para sermos felizes, basta sê-lo!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vida de emigrante(s)

BASEADO EM FACTOS REAIS E ESPECIAIS, NÃO ENGLOBANDO A GENERALIDADE.

Dedico esta mensagem a um assunto que, como se diz popularmente, me anda a fazer espécie. No entanto, alerto já aqueles que de algum modo possam ser demasiado sensíveis, que o assunto é controverso e capaz de ferir susceptibilidades.

Pois bem, ultimamente tenho assistido a alguns episódios que me deixaram perplexa. 

Um individuo quando resolve abandonar o seu país, sejam quais forem os motivos, vai de uma maneira e quando regressa, volta de outra. Antes de mais, quero que fique bem claro que não estou a falar de todos os casos, porque cada caso é um caso, e como tal, deve ser separado, até porque há emigrantes que são motivo de orgulho para o país, outros nem por isso.

Ressalvo a imagem de todos aqueles que todos os dias deixam as suas famílias em busca de uma vida melhor e que embarcam num caminho que não desejaram seguir, esses sim, podem valer-se do significado da palavra "emigrante".

No entanto, há por aí muito boa gente que se encosta demasiado à palavra "emigrante". Antes de mais, e para calar a boca de muita gente que se possa servir da pouca inteligência que lhe habita o cérebro, este não é um texto que apela à Xenofobia, até porque eu não padeço de qualquer característica associada a tal.

Assim sendo e continuando, o individuo que decide viajar, sair da sua terra, muitas vezes vai com uma placa bem estampada no meio da testa a dizer "Tuga" (em todos os sentidos do calão), e quando decide regressar, já a trás disfarçada com adereços cheios de cor ultrapassados pela moda, para que todos possamos invejar a sua vida e pensar: "Uau, como deve ser bom lá!". A pessoa que mal sabe escrever e falar a sua língua, torna-se poliglota e cria um imaginário de palavras na sua cabeça, que muitas vezes não passam do "adeus", do "olá, tudo bem?" e do "obrigada"!

Porém, esquece-se de cortar o cordão umbilical com a "vidinha tão sem graça" que vivia na santa terrinha, e está sempre a par das noticias que estão na ordem do dia, mesmo quando NADA, e sublinho NADA, a prende mais cá: sabe dos romances, das festas e das coscuvilhices.

E agora, pergunto-me eu: se a sua vida lá (onde quer que esteja) é assim tão mega interessante, cheia de amigos novos, de coisas giras a descobrir e de cores e dias maravilhosos, e uma vez que levou consigo TUDO o que lhe fazia falta, porque raio vive a vida de quem cá ficou tão ou mais intensamente que os próprios? Não seria melhor preocupar-se em viver a sua vida e viver a tão proclamada felicidade, uma vez que apregoa por tudo o que é sitio?

Ou.... Será que tudo não passa de um muro, onde estão escondidas muitas mágoas, muitos desejos não partilhados, muitos medos, muitas inseguranças? E assim, com esse muro, fazem-nos sentir, a nós que cá ficámos, que os falhados somos nós, porque não corremos atrás dos nossos sonhos e que não estamos tão felizes como "Fulano" ou "Beltrano".

Mas... Seremos mesmo?






O Caso V - take II

Preciso de escrever uma última vez. 


Às vezes, quando estou sentada, a flutuar por infinitos pensamentos, penso em ti. De como poderíamos ter sido diferentes, de como poderíamos ter sido melhores pessoas. Sinto-me fracassada, muitas vezes, ao olhar-me ao espelho, mas tenho esperança em dias mais ‘solarentos’ capazes de dar outro rumo às nossas vidas. 

Talvez, tudo isto, um dia passe. 

Talvez possamos ser amigos sem qualquer mágoa. Talvez um dia, eu não sinta que tenha de te encontrar mais tarde, e nessa altura nada me faça fugir de ti, como me faz fugir agora. Se calhar, e porque a vida é mesmo assim, voltarei a cometer os mesmos erros, e se voltar a fracassar e não tiver realizado os meus sonhos, irei seguir em frente como sempre fiz, de cabeça erguida, porque quem caminha de cabeça baixa, pode não ver o que o mundo tem para lhe oferecer. Talvez, quem sabe, um dia te volte a procurar quando a esperança em mim for maior que a inquietude, mas nesse dia, não sei se estarás à minha espera. Tenho esperança que a vida me continue a ensinar a lidar comigo mesma e me continue a moldar, para que mais tarde, eu possa correr atrás dos erros cometidos. 

Um dia, talvez sinta que o amor deve falar mais alto. Por cada explosão de amor, por cada paixão que me atormente ou por cada desejo sonhado, irei sempre lembrar-me de todos os bons momentos que vivi contigo. Possivelmente, nem eu sou quem gostaria de ser e nem tu pensas de mim o que gostarias de pensar, mas deixo o espaço em branco e viro a página do livro da minha vida, onde tantas vezes te mostrei que é possível sonhar e acreditar na felicidade. Não tenho motivos para festejar, uma parte de mim perdeu-se no dia que decidi abandonar todos os nossos sonhos, no entanto, fica uma certeza, a vida ao teu lado teve outro sabor e afinal, valeu a pena. 

Talvez um dia volte para ti. Talvez um dia nem queira mais. 

Talvez um dia te arrependas de me ter perdido, ou talvez esse dia nunca chegue!


Talvez.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O que nunca te direi.


Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei

Olhas para mim às vezes
Como quem sabe quem sou
Depois passam dias meses
Sem que vás por onde vou

Vai longe na serra alta
A nuvem que nela toca
Dá-me aquilo que me falta
Os beijos da tua boca

Como nuvens pelo céu
Passam os sonhos por mim
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim

Não sei que grande tristeza
Me fez só gostar de ti
Quando já tinha a certeza
De te amar porque te vi

Fernando Pessoa

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Grão-ducado

O saber não ocupa lugar, e querem saber um pouco mais de História? 

Hoje descobri que antigamente existiam vários países governados através do Grão-ducado, como é o caso de Varsóvia (Polónia) ou Duben.


E o que é isto do Grão-ducado?


Grão-ducado é um território cujo chefe de estado é um grão-duque. O único grão-ducado existente actualmente é o Grão-ducado de Luxemburgo, governado pelo Grão-duque Henrique Alberto.


E foi assim, mais uma aulinha de História.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O caso V

Este caso de que vos quero falar, confesso que me tem tirado o sono a muitas noites. É um caso que ainda hoje estou a resolver, e que sempre deixará grandes travessões na minha vida.

Senti-me lisonjeada quando, em jeito de conversa, alguém disse que me admirava, por nunca desistir deste meu sonho, agora adiado por se ter transformado numa miragem. Muita água correu nos rios desde que ouvi tamanho elogio, e desde então, não consigo esquecer tais palavras. Sinto que não sou digna dessa admiração, porque no fundo, acabei por desistir.

Se por vezes, acho não que sou digna, outras vezes penso, na quantidade de vezes que quis desistir e lutei sempre mais. Neste momento, é isso mesmo, vivo uma constante dualidade de sentimentos, será que não serei mesmo digna dessa admiração?

Quantos gritos calados suportei eu?
Quantas lágrimas chorei sozinha?
Quanto tempo caminhei sem luz?
Quantas trevas?

E foi de quem me conhece verdadeiramente bem, num serão aconchegado pelo calor da manta, que eu escutei que por mais que sofresse, não dizia "não" ao destino. E foi nessa noite, entre olhares congelados no tempo, por entre histórias partilhadas e conversas mal terminadas, que percebi que não tinha como lutar mais.

Dias mais tarde, fiquei imóvel. Foi na sala de espectáculos, onde costumava ensaiar inúmeras comédias, que por vezes, se transformavam mesmo em tragédias, que percebi que todas as minhas lágrimas tinham secado, e não tinha mais nada para oferecer. Olhei para o meu interior, e constatei que mais nada habitava em mim, a não ser uma angústia por todos os sonhos se terem perdido, por todas as juras de amor se terem esquecido, e por fim, por todo o respeito se ter esvaído. Pela primeira vez, senti-me vazia. E como achei que seria injusto manter-me numa relação como se ainda fosse a mesma pessoa, que outrora tinha o peito cheio de desejos e de vontades, desisti, baixei os braços e conformei-me com a célebre frase: "o amor não chega para se ser feliz".

Chegada a altura de seguir em frente, decidi dar uma oportunidade a mim mesma de ser feliz. Normalmente, as pessoas ficam indecisas quando se dão oportunidades. Pois bem, confesso que tive algumas dúvidas mas no fundo, acho que tomei a decisão mais acertada. Não dei mais uma oportunidade a "A", não dei uma oportunidade a "B", e neste somatório, onde o "C" aparece sempre depois do "A" e do "B", tornei-me no "C", e ofereci a mim mesma uma viagem só de ida para um longo relacionamento com o chocolate branco, com as gargalhadas das amigas, com as cantorias do "JM", com as conversas de meia noite e por aí adiante até à felicidade.

Não aceito que julguem as minhas opções, porque para o fazerem, teriam que conhecer as minhas razões.
E quanto ao título, se depois de lerem tudo isto, não perceberam que este "caso V", é o meu caso, o caso Vanessa, então, meus amigos, lamento ter desiludido a vossa curiosidade.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Retratos Imóveis

Depois de tanto tempo a calar emoções, é chegada a altura de falar. Há uns tempos, uma amiga perguntou-me muito séria, ao olhar para as minhas molduras: "Oh Vanessa, o que está isto ainda aqui a fazer?", olhei para ela, apenas isso, e encolhi os meus ombros, na esperança que ela me pudesse entender.

Confesso que nem eu mesma consigo indicar uma explicação plausível, talvez uma réstia de esperança, um pedaço de sentimento que teima em ficar, ou simplesmente, a teimosia de não querer guardar todos os sentimentos vividos e que transbordam naquelas meras fotografias. Mas ainda assim, a explicação mais correcta diz-me que no fundo, existe ainda uma tristeza igual à de uma menina quando deixa de poder brincar com a sua boneca preferida. Por momentos, vejo-me imóvel, a olhar para os nossos retratos espalhados pelo meu quarto, e muitas dessas vezes, termino a lacrimejar. Trago em mim uma pergunta que não quer calar, fazendo uma pequena homenagem a Ana Moura, essa diva do Fado: "Onde foi que nos perdemos, o que foi que aconteceu?".