Tenho
um cofre onde antes tinha um coração, cheio de desejos onde não há mais espaço
para guardar mais sonhos azuis e doces. Consome-me desde manhã quando me
levanto até que me deito, anda o dia todo comigo, para me lembrar o quanto, um
dia já fui feliz, talvez contigo a meu lado. Tenho o desejo de voltar a ser
tua, mas duvido por cada vez que olho para ti, e te vejo a centenas de
quilómetros de mim. Já nem as fotografias, últimas recordações de um tempo em
que nada nos chegava, têm o mesmo brilho, aquela que ali está a olhar com o seu
ar terno e carinhoso, já não sou eu e aquele, que está ali, com o seu jeito
protector, de quem “à minha menina ninguém faz mal”, já não és tu. Permanecem
quietas, imóveis, porque já dizia alguém mais experiente que eu, “que enquanto
há vida, há esperança”. Por vezes duvido daquilo que vejo à minha frente. Por
vezes duvido daquilo em que acredito. Por vezes, até de mim própria duvido. O adjectivo,
que muitas vezes me caracteriza, estranha, anda de mãos dadas com um outro,
diferente. E é por isso, que tanta vez não fui embora, e tantas outras vezes,
não desisti. Mas confesso, que de dia para dia, perco mais as forças, porque
por vezes não precisamos de muito, às vezes precisa apenas de uma mão pela
cabeça, que me fizesse sentir mais segura, de um abraço que me acalmasse toda a
minha ansiedade, às vezes precisava apenas de ti…
Sinto saudades de me sentar ao teu
lado, a ver televisão, aninhados com a nossa cumplicidade, sem nada ter que
dizer a ninguém. Sinto a tua falta. A falta que me fazes. Saberás? Sentirás
essa falta que corrói cada minuto de felicidade longe de ti? Há uns dias, ouvi
uma piada, e dei por mim a rir, e aí, lembrei de como seria bom rir dessa mesma
piada contigo, pensei em correr e contar-te, mas também pensei que talvez não quisesses
ouvir mais piadas comigo, e soltar gargalhadas infindas.
Tenho em mim, o desejo de te voltar a
pertencer, de voltar a ter o meu lugar, desejo que olhes para mim e me faças
sentir tua. Que me chames novamente de tua flor, que me digas uma vez mais ao
ouvido, inesperadamente, “amo-te”. Tenho saudades dos nossos sonhos, mas
principalmente, tenho saudades de ti. A vida é uma constante correria, e eu correria
o mundo inteiro, se eu soubesse que quando voltasse, ias estar de braços
abertos à minha espera!