terça-feira, 9 de abril de 2013

Voltando atrás

Alguém me perguntou se eu estava a chorar. Não estava a chorar, não o choro desmedido e motivado por algo maior que nos enche a alma de razões profundas e nos seca a garganta, com um nó. Naquele instante, enquanto pensava e repensava todos os erros cometidos até então, uma única lágrima rolou na minha face, como se isso aliviasse a tristeza que se debatia sobre mim.

Ao contrário daquilo que as frases feitas defendem, eu não me arrependo daquilo que não fiz, mas sim, daquilo que poderia ter feito de maneira diferente e não fiz. Arrependo-me da melhor pessoa que poderia ter sido para aqueles que me rodeavam e não fui, arrependo-me das juras de amor que fiz e não cumpri, e arrependo-me de ter magoado tanto gente e de ter prejudicado outros tantos. Confesso, nem sempre fui uma pessoa fácil, nem sempre estive à altura dos desafios muito menos das expectativas que outrora depositaram em mim, mas como outro alguém referiu, a consciência surge, em muitos casos tardiamente e nada poderei fazer para consertar os erros que fui acumulando ao longo dos anos, a não ser, a certeza de não os voltar a cometer.

Há uns tempos atrás, entre raios e relâmpagos, faíscas e tempestades, alguém disse: "Cresce Vanessa, está na altura de te tornares numa mulherzinha!", e hoje, passados alguns meses desde então, essa frase que entoada com um certo desprezo misturado com desespero, ecoa no meu interior, como se eu estivesse ali ainda e bem baixinho, lentamente, numa voz mais amena, oiço dizer e escuto com atenção: "Cresce Vanessa, está na altura de te tornares numa mulherzinha...".

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