Dedico esta mensagem a um assunto que, como se diz popularmente, me anda a fazer espécie. No entanto, alerto já aqueles que de algum modo possam ser demasiado sensíveis, que o assunto é controverso e capaz de ferir susceptibilidades.
Pois bem, ultimamente tenho assistido a alguns episódios que me deixaram perplexa.
Um individuo quando resolve abandonar o seu país, sejam quais forem os motivos, vai de uma maneira e quando regressa, volta de outra. Antes de mais, quero que fique bem claro que não estou a falar de todos os casos, porque cada caso é um caso, e como tal, deve ser separado, até porque há emigrantes que são motivo de orgulho para o país, outros nem por isso.
Ressalvo a imagem de todos aqueles que todos os dias deixam as suas famílias em busca de uma vida melhor e que embarcam num caminho que não desejaram seguir, esses sim, podem valer-se do significado da palavra "emigrante".
Assim sendo e continuando, o individuo que decide viajar, sair da sua terra, muitas vezes vai com uma placa bem estampada no meio da testa a dizer "Tuga" (em todos os sentidos do calão), e quando decide regressar, já a trás disfarçada com adereços cheios de cor ultrapassados pela moda, para que todos possamos invejar a sua vida e pensar: "Uau, como deve ser bom lá!". A pessoa que mal sabe escrever e falar a sua língua, torna-se poliglota e cria um imaginário de palavras na sua cabeça, que muitas vezes não passam do "adeus", do "olá, tudo bem?" e do "obrigada"!
Porém, esquece-se de cortar o cordão umbilical com a "vidinha tão sem graça" que vivia na santa terrinha, e está sempre a par das noticias que estão na ordem do dia, mesmo quando NADA, e sublinho NADA, a prende mais cá: sabe dos romances, das festas e das coscuvilhices.
E agora, pergunto-me eu: se a sua vida lá (onde quer que esteja) é assim tão mega interessante, cheia de amigos novos, de coisas giras a descobrir e de cores e dias maravilhosos, e uma vez que levou consigo TUDO o que lhe fazia falta, porque raio vive a vida de quem cá ficou tão ou mais intensamente que os próprios? Não seria melhor preocupar-se em viver a sua vida e viver a tão proclamada felicidade, uma vez que apregoa por tudo o que é sitio?
Ou.... Será que tudo não passa de um muro, onde estão escondidas muitas mágoas, muitos desejos não partilhados, muitos medos, muitas inseguranças? E assim, com esse muro, fazem-nos sentir, a nós que cá ficámos, que os falhados somos nós, porque não corremos atrás dos nossos sonhos e que não estamos tão felizes como "Fulano" ou "Beltrano".
Mas... Seremos mesmo?