quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vida de emigrante(s)

BASEADO EM FACTOS REAIS E ESPECIAIS, NÃO ENGLOBANDO A GENERALIDADE.

Dedico esta mensagem a um assunto que, como se diz popularmente, me anda a fazer espécie. No entanto, alerto já aqueles que de algum modo possam ser demasiado sensíveis, que o assunto é controverso e capaz de ferir susceptibilidades.

Pois bem, ultimamente tenho assistido a alguns episódios que me deixaram perplexa. 

Um individuo quando resolve abandonar o seu país, sejam quais forem os motivos, vai de uma maneira e quando regressa, volta de outra. Antes de mais, quero que fique bem claro que não estou a falar de todos os casos, porque cada caso é um caso, e como tal, deve ser separado, até porque há emigrantes que são motivo de orgulho para o país, outros nem por isso.

Ressalvo a imagem de todos aqueles que todos os dias deixam as suas famílias em busca de uma vida melhor e que embarcam num caminho que não desejaram seguir, esses sim, podem valer-se do significado da palavra "emigrante".

No entanto, há por aí muito boa gente que se encosta demasiado à palavra "emigrante". Antes de mais, e para calar a boca de muita gente que se possa servir da pouca inteligência que lhe habita o cérebro, este não é um texto que apela à Xenofobia, até porque eu não padeço de qualquer característica associada a tal.

Assim sendo e continuando, o individuo que decide viajar, sair da sua terra, muitas vezes vai com uma placa bem estampada no meio da testa a dizer "Tuga" (em todos os sentidos do calão), e quando decide regressar, já a trás disfarçada com adereços cheios de cor ultrapassados pela moda, para que todos possamos invejar a sua vida e pensar: "Uau, como deve ser bom lá!". A pessoa que mal sabe escrever e falar a sua língua, torna-se poliglota e cria um imaginário de palavras na sua cabeça, que muitas vezes não passam do "adeus", do "olá, tudo bem?" e do "obrigada"!

Porém, esquece-se de cortar o cordão umbilical com a "vidinha tão sem graça" que vivia na santa terrinha, e está sempre a par das noticias que estão na ordem do dia, mesmo quando NADA, e sublinho NADA, a prende mais cá: sabe dos romances, das festas e das coscuvilhices.

E agora, pergunto-me eu: se a sua vida lá (onde quer que esteja) é assim tão mega interessante, cheia de amigos novos, de coisas giras a descobrir e de cores e dias maravilhosos, e uma vez que levou consigo TUDO o que lhe fazia falta, porque raio vive a vida de quem cá ficou tão ou mais intensamente que os próprios? Não seria melhor preocupar-se em viver a sua vida e viver a tão proclamada felicidade, uma vez que apregoa por tudo o que é sitio?

Ou.... Será que tudo não passa de um muro, onde estão escondidas muitas mágoas, muitos desejos não partilhados, muitos medos, muitas inseguranças? E assim, com esse muro, fazem-nos sentir, a nós que cá ficámos, que os falhados somos nós, porque não corremos atrás dos nossos sonhos e que não estamos tão felizes como "Fulano" ou "Beltrano".

Mas... Seremos mesmo?






O Caso V - take II

Preciso de escrever uma última vez. 


Às vezes, quando estou sentada, a flutuar por infinitos pensamentos, penso em ti. De como poderíamos ter sido diferentes, de como poderíamos ter sido melhores pessoas. Sinto-me fracassada, muitas vezes, ao olhar-me ao espelho, mas tenho esperança em dias mais ‘solarentos’ capazes de dar outro rumo às nossas vidas. 

Talvez, tudo isto, um dia passe. 

Talvez possamos ser amigos sem qualquer mágoa. Talvez um dia, eu não sinta que tenha de te encontrar mais tarde, e nessa altura nada me faça fugir de ti, como me faz fugir agora. Se calhar, e porque a vida é mesmo assim, voltarei a cometer os mesmos erros, e se voltar a fracassar e não tiver realizado os meus sonhos, irei seguir em frente como sempre fiz, de cabeça erguida, porque quem caminha de cabeça baixa, pode não ver o que o mundo tem para lhe oferecer. Talvez, quem sabe, um dia te volte a procurar quando a esperança em mim for maior que a inquietude, mas nesse dia, não sei se estarás à minha espera. Tenho esperança que a vida me continue a ensinar a lidar comigo mesma e me continue a moldar, para que mais tarde, eu possa correr atrás dos erros cometidos. 

Um dia, talvez sinta que o amor deve falar mais alto. Por cada explosão de amor, por cada paixão que me atormente ou por cada desejo sonhado, irei sempre lembrar-me de todos os bons momentos que vivi contigo. Possivelmente, nem eu sou quem gostaria de ser e nem tu pensas de mim o que gostarias de pensar, mas deixo o espaço em branco e viro a página do livro da minha vida, onde tantas vezes te mostrei que é possível sonhar e acreditar na felicidade. Não tenho motivos para festejar, uma parte de mim perdeu-se no dia que decidi abandonar todos os nossos sonhos, no entanto, fica uma certeza, a vida ao teu lado teve outro sabor e afinal, valeu a pena. 

Talvez um dia volte para ti. Talvez um dia nem queira mais. 

Talvez um dia te arrependas de me ter perdido, ou talvez esse dia nunca chegue!


Talvez.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O que nunca te direi.


Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei

Olhas para mim às vezes
Como quem sabe quem sou
Depois passam dias meses
Sem que vás por onde vou

Vai longe na serra alta
A nuvem que nela toca
Dá-me aquilo que me falta
Os beijos da tua boca

Como nuvens pelo céu
Passam os sonhos por mim
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim

Não sei que grande tristeza
Me fez só gostar de ti
Quando já tinha a certeza
De te amar porque te vi

Fernando Pessoa

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Grão-ducado

O saber não ocupa lugar, e querem saber um pouco mais de História? 

Hoje descobri que antigamente existiam vários países governados através do Grão-ducado, como é o caso de Varsóvia (Polónia) ou Duben.


E o que é isto do Grão-ducado?


Grão-ducado é um território cujo chefe de estado é um grão-duque. O único grão-ducado existente actualmente é o Grão-ducado de Luxemburgo, governado pelo Grão-duque Henrique Alberto.


E foi assim, mais uma aulinha de História.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O caso V

Este caso de que vos quero falar, confesso que me tem tirado o sono a muitas noites. É um caso que ainda hoje estou a resolver, e que sempre deixará grandes travessões na minha vida.

Senti-me lisonjeada quando, em jeito de conversa, alguém disse que me admirava, por nunca desistir deste meu sonho, agora adiado por se ter transformado numa miragem. Muita água correu nos rios desde que ouvi tamanho elogio, e desde então, não consigo esquecer tais palavras. Sinto que não sou digna dessa admiração, porque no fundo, acabei por desistir.

Se por vezes, acho não que sou digna, outras vezes penso, na quantidade de vezes que quis desistir e lutei sempre mais. Neste momento, é isso mesmo, vivo uma constante dualidade de sentimentos, será que não serei mesmo digna dessa admiração?

Quantos gritos calados suportei eu?
Quantas lágrimas chorei sozinha?
Quanto tempo caminhei sem luz?
Quantas trevas?

E foi de quem me conhece verdadeiramente bem, num serão aconchegado pelo calor da manta, que eu escutei que por mais que sofresse, não dizia "não" ao destino. E foi nessa noite, entre olhares congelados no tempo, por entre histórias partilhadas e conversas mal terminadas, que percebi que não tinha como lutar mais.

Dias mais tarde, fiquei imóvel. Foi na sala de espectáculos, onde costumava ensaiar inúmeras comédias, que por vezes, se transformavam mesmo em tragédias, que percebi que todas as minhas lágrimas tinham secado, e não tinha mais nada para oferecer. Olhei para o meu interior, e constatei que mais nada habitava em mim, a não ser uma angústia por todos os sonhos se terem perdido, por todas as juras de amor se terem esquecido, e por fim, por todo o respeito se ter esvaído. Pela primeira vez, senti-me vazia. E como achei que seria injusto manter-me numa relação como se ainda fosse a mesma pessoa, que outrora tinha o peito cheio de desejos e de vontades, desisti, baixei os braços e conformei-me com a célebre frase: "o amor não chega para se ser feliz".

Chegada a altura de seguir em frente, decidi dar uma oportunidade a mim mesma de ser feliz. Normalmente, as pessoas ficam indecisas quando se dão oportunidades. Pois bem, confesso que tive algumas dúvidas mas no fundo, acho que tomei a decisão mais acertada. Não dei mais uma oportunidade a "A", não dei uma oportunidade a "B", e neste somatório, onde o "C" aparece sempre depois do "A" e do "B", tornei-me no "C", e ofereci a mim mesma uma viagem só de ida para um longo relacionamento com o chocolate branco, com as gargalhadas das amigas, com as cantorias do "JM", com as conversas de meia noite e por aí adiante até à felicidade.

Não aceito que julguem as minhas opções, porque para o fazerem, teriam que conhecer as minhas razões.
E quanto ao título, se depois de lerem tudo isto, não perceberam que este "caso V", é o meu caso, o caso Vanessa, então, meus amigos, lamento ter desiludido a vossa curiosidade.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Retratos Imóveis

Depois de tanto tempo a calar emoções, é chegada a altura de falar. Há uns tempos, uma amiga perguntou-me muito séria, ao olhar para as minhas molduras: "Oh Vanessa, o que está isto ainda aqui a fazer?", olhei para ela, apenas isso, e encolhi os meus ombros, na esperança que ela me pudesse entender.

Confesso que nem eu mesma consigo indicar uma explicação plausível, talvez uma réstia de esperança, um pedaço de sentimento que teima em ficar, ou simplesmente, a teimosia de não querer guardar todos os sentimentos vividos e que transbordam naquelas meras fotografias. Mas ainda assim, a explicação mais correcta diz-me que no fundo, existe ainda uma tristeza igual à de uma menina quando deixa de poder brincar com a sua boneca preferida. Por momentos, vejo-me imóvel, a olhar para os nossos retratos espalhados pelo meu quarto, e muitas dessas vezes, termino a lacrimejar. Trago em mim uma pergunta que não quer calar, fazendo uma pequena homenagem a Ana Moura, essa diva do Fado: "Onde foi que nos perdemos, o que foi que aconteceu?".