Depois de tanto tempo a calar emoções, é chegada a altura de falar. Há uns tempos, uma amiga perguntou-me muito séria, ao olhar para as minhas molduras: "Oh Vanessa, o que está isto ainda aqui a fazer?", olhei para ela, apenas isso, e encolhi os meus ombros, na esperança que ela me pudesse entender.
Confesso que nem eu mesma consigo indicar uma explicação plausível, talvez uma réstia de esperança, um pedaço de sentimento que teima em ficar, ou simplesmente, a teimosia de não querer guardar todos os sentimentos vividos e que transbordam naquelas meras fotografias. Mas ainda assim, a explicação mais correcta diz-me que no fundo, existe ainda uma tristeza igual à de uma menina quando deixa de poder brincar com a sua boneca preferida. Por momentos, vejo-me imóvel, a olhar para os nossos retratos espalhados pelo meu quarto, e muitas dessas vezes, termino a lacrimejar. Trago em mim uma pergunta que não quer calar, fazendo uma pequena homenagem a Ana Moura, essa diva do Fado: "Onde foi que nos perdemos, o que foi que aconteceu?".
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