As pessoas não são perfeitas. Não sou perfeccionista, mas acredito em contextos emocionais perfeitos. Os gestos certeiros, os olhares indicados, as palavras certas, as acções adequadas a cada vivência. No fundo acredito nas emoções verdadeiras. E só aceito estas. Mais nada. Por insegurança, por culpa minha ou falha de outrem, tornei-me naturalmente especialista em detectar falhas nos contextos. Naquilo que me importa, só me importa o tudo ou o nada. Já ganhei muito, apesar de tudo o que se encontra perdido, e me dói. Apesar da dor, o meu balanço é positivo. Reconheço que não é fácil para ninguém estar comigo. Não é justo que outros tenham que suportar as consequências das minhas escolhas, mesmo que estas escolhas tenham a ver com o modo como eu escolhi viver a minha vida. Mesmo que não sejam verdadeiramente escolhas. Tive momentos em que deixei que pensassem que eu era uma lagartixa e que seria possivel esmagarem-me com os sapatos. Noutras ocasiões, fui um crocodilo demasiado distraído, e por isso não decepcionei ninguém quando podia. Houve alturas que mordi por estar furiosa, como fazem as cobras, mordi porque todos pensavam que eu era uma lagartixa, e eu estava apenas a fingir! Não se pode por azar, pisar uma cobra! De qualquer modo, em todas as situações apressei-me a aplicar o antídoto para remover o veneno, pois o meu objectivo não é fazer mal a ninguém, quero apenas que me deixem estar, estar em paz, e não me mintam, não há necessidade!
Deixa-me estar. Eu ainda gosto muito de ti, estou a aprender a viver comigo, sozinha, só eu. Deixa-me estar. Eu escolhi assim. Gostar sinceramente não é uma decisão nossa, eu sei. Não faz mal. Ou já não pode fazer mais mal do que está feito. Tudo o resto se pode decidir. Eu sou assim. Decido. E aguento-te na minha vida diariamente, entre lembranças, como tu dizias. Sem te ver, vendo-te. Porque não te quero ver mais.
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